Dinheiro da Redação

Carlos José Marques, diretor editorial

A desoneração da economia, com a queda dos impostos e taxas em cascata que travam seu crescimento, é uma das bandeiras mais antigas de que se tem notícia no setor produtivo. Desta vez ela foi levantada por ninguém menos que o próprio presidente da República, que pareceu querer resgatar seu papel de sindicalista de chão de fábrica nas montadoras de São Bernardo. Lula surpreendeu a todos ao defender na semana passada que o IPI reduzido sobre os carros seja mantido como medida permanente. Ele disse que essa política deve seguir adiante ao menos até que a crise seja debelada.

O presidente tem plena noção dos benefícios do IPI baixo - não apenas no que isso alivia o bolso do consumidor, mas, principalmente, no que traduz de aumento de arrecadação. A equação é simples e já foi testada logo que entrou em vigor no início do ano: o imposto baixou, o preço do automóvel idem e, por consequência, mais compradores correram às lojas em busca da vantagem. Resultado: o aumento das vendas correspondeu a um crescimento direto no valor angariado com tributos. A experiência bem-sucedida levou a uma ampliação de prazo para mantê-la em vigor. Nos últimos dias, vários setores começaram a alertar que a "promoção" estava perto do fim.

O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que não cogitava novas prorrogações. Lula quebrou as expectativas pessimistas com a sua posição e, embora ela carregue um forte componente eleitoreiro, reforça a tendência que está se cristalizando entre vários governos mundo afora de buscar alternativas para estancar a queda do PIB. Todas as economias estão, invariavelmente, adotando mecanismos e programas de estímulo ao consumo e à produção. Baixar impostos, como aconteceu no setor de carros, de eletrodomésticos e de material de construção, talvez seja a mais eficaz delas.

Outros impostos como Cofins e ICMS também deveriam entrar na onda. Afinal, em um país onde o apetite do Leão tem levado a recordes sucessivos de arrecadação, com mordidas violentas sobre bens e serviços, qualquer alívio surte efeito imediato. Com a gradativa queda tributária e dos juros - esses agora já na casa de um dígito -, é possível confirmar a expectativa de que o Brasil sairá melhor e mais rápido do que os demais dessa temporada de estagnação.

http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/610/artigo141431-1.htm

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Comentário de José Adriano em 15 junho 2009 às 7:45
domingo, 14 de junho de 2009, 00:12 | Versão Impressa

Convém tornar permanente a redução do IPI para carros?

O Estado de S.Paulo

- Lula quer manutenção do corte

O presidente Lula afirmou ser favorável a manter a redução das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados de automóveis. Em dezembro de 2008 o governo anunciou a medida, que teria como objetivo estimular o setor automobilístico, fortemente atingido pela crise econômica internacional. A redução do IPI valeria até março, mas o benefício foi prorrogado até o fim de junho. O Ministério da Fazenda estuda elevar as alíquotas do IPI dos carros gradualmente.

Resultado da enquete:

Sim> 71%
Não> 29%

Confira a próxima enquete em www.estadao.com.br

O QUE PENSAM OS ESPECIALISTAS

>>?Tem-se a ilusão de que, baixando os impostos, o consumo vá se manter?

FABIO KANCZUK
PROFESSOR DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Do ponto de vista econômico, a estratégia de manter o corte do IPI para carros está errada. Em momentos de crise, o governo deve manter os gastos constantes e não mexer nas alíquotas dos impostos. Já o Brasil optou por aumentar gastos e cortar impostos. É comprovado que a economia sai prejudicada quando os tributos aumentam ou diminuem. O ideal é não mexer nas alíquotas dos impostos. Sendo assim, não faz sentido propor a manutenção permanente do IPI dos carros. Tem-se a falsa ilusão de que, baixando os impostos, o consumo vá se manter em uma linha ascendente. Inicialmente, os ganhos podem ser positivos. No entanto, a longo prazo, as vendas vão desabar. Ainda cabe uma pergunta: por que privilegiar a indústria automobilística em tempos de trânsito caótico? Pelo contrário, o preço dos automóveis deveria ser reajustado. Fica claro que o lobby do setor é muito forte. Por fim, a redução do IPI implica uma gigantesca renúncia fiscal que, inevitavelmente, terá de ser compensada, seja com novos impostos ou com menos investimento em infraestrutura.

?Alcançamos números históricos na produção e na venda?

PAULO EDUARDO PALOMBO
PROFESSOR DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE MACKENZIE

A atual crise econômica trouxe ensinamentos, fazendo com que o governo repensasse algumas de suas políticas, como a monetária e a tributaria. Quanto maior a incidência de impostos, maior o desincentivo a produção e ao consumo. Sendo assim, a redução do IPI para os automóveis é uma medida emergencial que deve se tornar permanente, pois trouxe resultados benéficos a todos os agentes envolvidos. A demanda reprimida é facilmente percebida. Com um mínimo estímulo ao consumo devido à redução do IPI, alcançamos números históricos na produção e na venda. Contudo, ainda há muito a se avançar, uma vez que temos sete habitantes por automóvel, enquanto a Argentina tem cinco e os Estados Unidos apenas dois. A distorção econômica fica evidente quando percebemos que a carga tributária que compõe o valor final do veiculo chega, em média, a 35%. Isso prejudica um dos setores que mais emprega mão de obra direta e indiretamente e, nos países desenvolvidos, é um dos carros chefe da economia e da inovação tecnológica.

http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,convem-tornar-permanente-a-reducao-do-ipi-para-carros,387011,0.htm
Comentário de José Adriano em 15 junho 2009 às 6:41
15/06 - 04:19

IMPOSTOS: Miguel Jorge critica anúncio antecipado sobre IPI

GOIÁS, 15 de junho de 2009 - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, criticou, em entrevista exclusiva concedida para a Agência Brasil, qualquer tipo de anúncio prévio da manutenção do corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Para o ministro, um aceno sobre a manutenção da medida por parte das autoridades gera comportamento de postergação de compra pelos consumidores. "O IPI reduzido tem o objetivo de fazer com que o consumidor se entusiasme e compre o produto. Se você anuncia com antecedência de duas ou três semanas que o IPI será reduzido, alguém que estava se programando para comprar o produto vai deixar para o próximo mês", afirmou o ministro.

Miguel Jorge lembrou, na entrevista, que o próprio presidente Lula defende que o consumidor antecipe suas compras, para fazer com que a "roda da economia continue a girar". "Então, mesmo que eu seja favorável, até o último dia eu vou dizer que sou contra a prorrogação da isenção e redução do IPI", disse o ministro.

Sobre o anúncio da queda do Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) no primeiro trimestre, Jorge declarou que esse resultado já era esperado, inclusive por ele, que chegou a ser criticado quando falou em recessão. No entanto, o ministro disse estar otimista com o comportamento da economia no restante do ano. "Vamos ter um segundo trimestre melhor e, consequentemente, um terceiro melhor que o segundo, e um quarto melhor que o terceiro. Programas como Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, começarão a ter impacto na economia a partir do segundo semestre, quando começam os desembolsos", afirmou.

Sobre a balança comercial, Miguel Jorge chamou de "acidente de percurso" os resultados dos dois primeiros meses do ano. "Tanto que já tem acumulado US$ 7,5 bilhões (o saldo) e tem mantido uma média boa no fechamento semanal." Para ele, a tendência é haver melhora no segundo semestre.

Para o ministro, com a redução da taxa Selic para um patamar inferior a 10% ao ano, há perspectiva de crescimento nos investimentos das empresas, mas ainda há entraves. "Nós precisamos fazer com que o spread diminua e, aí sim, os investimentos sejam financiados não só por bancos, como o BNDES, mas também que haja no sistema financeiro um processo de investimento." (Diário da Manhã)

http://www.investimentosenoticias.com.br/IN_News.aspx?parms=2534089,39,1,1

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