É gritante o contraste da taxa de outubro com o comportamento dos dez primeiros meses deste ano e da tendência (ou seja, do acumulado nos últimos doze meses contra os doze meses precedentes) da mesma variável. Aquelas taxas ficaram ao redor de apenas 1% acima da inflação. Olhando apenas a observação de um determinado mês, é muito difícil fazer previsões relevantes para os meses seguintes. Mas será que se esboça uma nova fase de maior crescimento da arrecadação? A indústria parece ainda patinar, e os demais setores não mostram nenhum arroubo de crescimento. Com base em que fatores determinantes isso ocorreria?
O que se sabe com certeza é que, diante da despesa crescendo a uma taxa real, no acumulado de doze meses, entre 5% e 6%, como vem ocorrendo desde janeiro, será preciso que o resultado de outubro se repita nos próximos, para evitar que o País colha uma deterioração fiscal mais expressiva este ano.
É claro que o caminho correto a trilhar é do lado do controle dos gastos, algo que, infelizmente, exige mais tempo. As taxas acumuladas deste ano representam um óbvio ganho em relação aos valores bem mais altos que vigoravam entre 2004 e 2008 – ao redor de 9% ao ano. Mas ainda se situam a uma longa distância do crescimento sustentável do PIB, algo entre 2% e 3% ao ano. Sem estreitar essa distância, dificilmente daremos a virada que ora se impõe na gestão das contas públicas. E não adianta o governo dizer que não vai mais compensar os desvios dos resultados fiscais dos Estados e municípios em relação à meta que reservou para eles. A bola, de fato, está consigo.
Fonte: Estado de S Paulo
http://www.mauronegruni.com.br/2013/11/20/analise-a-arrecadacao-ten...
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