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Por Raymundo Costa | De Brasília
Além da reforma política, o PT deve dar prioridade para a reforma tributária, em um novo mandato da presidente Dilma Rousseff. "Não precisa necessariamente aumentar a carga tributária, você pode redistribuir", diz o presidente do PT e candidato à reeleição, Rui Falcão. A eleição da nova direção do Partido dos Trabalhadores será em novembro. Falcão é amplo favorito e deve vencer a disputa com mais de 60% dos votos.
O favoritismo de Falcão deve-se ao apoio de meia dúzia de tendências do partido, inclusive do antigo campo majoritário, hoje ponta de lança da corrente denominada Construindo um Novo Brasil (CNB). Mas pesa, sobretudo, o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além do efeito eleitoral, Lula também influencia o debate sobre a necessidade de mudanças que tomou conta do PT desde as manifestações de junho.
Falcão é um entusiasmado defensor da "renovação" partidária pregada por Lula em artigo publicado na edição eletrônica do "New York Times", no advento dos protestos. Segundo Lula, o partido precisa recuperar suas ligações diárias com os movimentos sociais e propor soluções para os novos problemas. "PT não pode ser apenas uma máquina eleitoral que se mobiliza a cada dois anos", diz Falcão. "O partido precisa fazer a disputa ideológica na sociedade."
"Nós não conseguimos construir uma narrativa, até hoje, da nossa trajetória de 2003 até agora", diz. "Dos erros e acertos desse período." Um balanço das mudanças, das limitações do governo de coalizão e de como levar adiante "seja o programa partidário, seja o do governo".
Falcão chama a atenção para o fato de que ninguém se mobilizou para evitar perda de direitos, como aconteceu na Europa, nas manifestações de junho. Esse é um debate de "conteúdo político" que o PT deve propor. Há outros.
Na questão da Saúde, por exemplo, Falcão defende que o PT e o governo digam "está faltando recursos para a saúde - e eu (governo) vou por mais agora -, porque a oposição, em 2007, nos tirou R$ 40 bilhões (da CPMF, o imposto de cheque)". Se depender de Falcão, essa é uma conta que vai para a oposição: "Em sete anos, isso dá R$ 300 bilhões", diz.
"Além da necessária e urgente reforma política", e "da imprescindível, fundamental e inadiável democratização da mídia" - antiga bandeira de Falcão que o primeiro governo Dilma preferiu não empunhar -, Falcão aposta na reforma tributária, encalhada no Congresso há duas décadas. "Uma reforma tributária progressiva", diz Falcão.
O presidente do PT explica: "Hoje o maior imposto do país é o ICMS. O que você paga de imposto por um litro de leite é o que paga o (empresário) Antônio Ermírio de Moraes. O segundo é o Imposto de Renda, acaba em 27,5%, uma alíquota insuficiente para o padrão de distribuição da renda no Brasil. Na Europa tem país com 50%, 60%. Então você não precisa necessariamente aumentar a carga tributária, mas você pode redistribuir a carga tributária".
O manifesto da candidatura Falcão foi redigido por Luiz Dulci, ex-secretário-geral da Presidência no governo Lula. Texto que teve também o aval de Lula, além do candidato. "Os protestos reforçaram a ideia, sobre a qual eu já vinha falando, de que o PT deve ficar muito próximo dos movimentos sociais", diz.
Fonte: Valor Econômico
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