Empresas terão 2010 para adotar normas para a transparência e governança corporativa

14 de dezembro de 2009 às 10:41

Nos últimos anos as empresas brasileiras vivem um novo cenário na governança corporativa, que envolve o SPED, a Nota Fiscal Eletrônica e a adequação das novas normas internacionais de contabilidade baseada no International Financial Reporting Standards (IFRS), incluindo as novas regras para as informações sobre o patrimônio (ativo não circulante) no balanço das empresas.

Este cenário vai além da necessidade do Fisco em buscar alternativas tecnológicas para o aumento da fiscalização dos tributos. As novas regras contábeis também sinalizam para um novo estágio do nível de transparência e governança corporativa e as empresas têm o ano de 2010 para adequarem a sua gestão às estas novas regras.

Para os analistas e consultores da Sispro, empresa de TI provedora de sistemas e serviços para a administração de negócios, o ano novo será muito movimentado para os profissionais responsáveis pela administração e contabilidade das empresas e indica que será o momento quando todas as empresas avançarem rumo à adequação de sua gestão à nova realidade.

“Vale lembrar que não são apenas as grandes empresas que precisam adotar esta filosofia. Os profissionais que atuam nas médias e pequenas companhias também precisam se atualizar”, destaca Sidinei Neri, coordenador de consultoria da Sispro.

Para Neri, a contabilidade brasileira está dando um grande passo a partir da adesão do Brasil ao IFRS e o ano de 2010 será o melhor momento para se ajustar os processos administrativos, adequar controles e para atualizar softwares para o atendimento das novas regras de contabilidade internacional. “As empresas que possuem uma conduta mais reservada estão tendo maior dificuldade para se adaptarem”, informa ele.

Para entender como o processo de adequação no Brasil está evoluindo, o consultor da Sispro explica que a primeira fase para a adequação das empresas ao IFRS começou em 2008, “com a conscientização das organizações, incluindo a avaliação dos impactos contábeis a partir da implantação do IFRS, que está demandando uma tarefa importante neste processo: o treinamento de pessoas para atuarem neste novo cenário”, explica.

Neri comenta também que o ano de 2009 pode ser chamado de “período de transição ao IFRS”, pois foi o ano que tiveram início as implementações, a preparação do balanço de abertura, a elaboração das primeiras demonstrações baseadas no IFRS, e também foram efetuados os procedimentos de auditoria e também a adaptação dos sistemas de informação às novas regras.

Para o ano de 2010 o foco será a transição ao IFRS envolvendo processos de auditoria, incluindo as primeiras demonstrações financeiras comparativas às normas internacionais. O ano seguinte, 2011, será o prazo para a apresentação das demonstrações anuais baseadas nas normas IFRS, tendo assim a sustentabilidade das informações adequadas ao IFRS.

Por sua vez, Lourival Vieira, diretor da Sispro e responsável pelas ações de Marketing da companhia para a adequação ao IFRS, todo este processo movimenta as empresas para a transparência da governança corporativa, elevando o nível de consciência para modo adequado de administração da contabilidade das companhias brasileiras, independente de seu porte, incluindo a adequação do Patrimônio (ativo não circulante), o envio do SPED e a adoção da NF-e.

Mas, para o executivo, os últimos prazos para o SPED e NF-e mostraram que grande parte das empresas deixou para a última hora o ajuste de seus sistemas e procedimentos, o que resultou na entrega dos documentos fiscais na última hora e, em muitos casos, fora do prazo.

“As empresas não devem perder tempo e necessitam estar atentas aos prazos. É comum deixar as coisas importantes para a última hora, mas nem sempre isso dá certo”, destaca o executivo. “Quando uma tarefa envolve a mudança de cultura, ajustes de sistemas de TI, levantamento de informações, auditoria, o tempo pode ser amigo ou inimigo. Portanto, os empresários e os profissionais responsáveis pela contabilidade e pela TI devem estar atentos”, reforça Vieira.

Sidinei Neri lembra também, para facilitar o entendimento das empresas, que a instrução número 457/07 da Comissão de Valores Mobiliários determina que as companhias de capital aberto, a partir do exercício findo em 2010 apresentem suas demonstrações financeiras consolidadas, adotando o padrão contábil internacional, e que o Banco Central do Brasil emitiu o Comunicado 14.259/06, exigindo que as demonstrações de instituições financeiras sejam preparadas com base no IFRS a partir de 2010.

“A Lei nº 11.638/07 também foi criada para acelerar o processo de convergência entre as práticas contábeis adotadas no Brasil e o IFRS. Ou seja, a contabilidade brasileira dá um grande passo rumo a globalização contábil. Com a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) para ser responsável pela harmonia das normas internacionais do IFRS no Brasil, prevemos que o próximo ano será muito movimentado, inclusive com a emissão de novas regras que permitam normatizar e facilitar a adequação às novas regras baseadas na IFRS”, acrescenta Neri.

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