IFRS - Algumas discussões sobre o conceito de Ajuste a Valor Presente

Devido à grande procura de nossos leitores, hoje abordaremos o tema ajuste a valor presente, conceito introduzido pela lei 11.638/07 e melhor tratado pelo CPC 12 – Ajuste a Valor Presente.

 O uso do valor presente está ligado ao fornecimento de informação com conteúdo mais relevante que aquele pelo uso do custo histórico, “puro”.

 Assim, como definido no outro post, o valor presente deve ser aplicado aos ativos e passivos de longo prazo em um primeiro momento e para os de curto prazo quando o efeito for relevante já em se reconhecimento inicial. Mas aí surge uma dúvida: quando o efeito do cálculo a valor presente torna-se relevante? Com uma análise purista, devem ser analisados os dois principais fatores que determinam a extensão da relevância do ajuste a valor presente: a taxa de juros e o prazo. Inicialmente, quanto maior a taxa de desconto e prazo, maior o ajuste. Então uma análise do prazo e taxa é de grande valia, Falando em taxa de juros, deve-se lembrar que os empréstimos subsidiados pelo governo (ex: BNDES – TJLP) não estão no escopo do CPC 12.

 A taxa de desconto a ser adotada deve ser a taxa contratual caso esta reflita a taxa de mercado. Já para ativos e passivos com taxa não explícita, deve ser adotada uma de mercado, lembrando que esta deve refletir o valor do dinheiro no tempo e serem calculadas antes dos impostos sobre a renda.

 Assim sendo, como percebido, a contabilização pelo valor da nota agora não é necessariamente fato, já que uma análise pormenorizada das situações.

 Alpha adquiriu um imobilizado em 1.º de fevereiro de2009 aser pago em 1.º de fevereiro de 2012 por R$ 1.000.000,00. Os contadores de Alpha contabilizaram pelo custo já que foi uma compra onde nem foi citada a taxa de juros cobrada. Porém, os auditores questionaram sobre a necessidade de cálculo a valor presente. A taxa de mercado é de 15% a.a.

 Como deve ser tratada a operação em seu reconhecimento inicial até o pagamento final do imobilizado?

 O PV de R$1.000.000,00 a15% em 3 anos = R$ 657.516,23

 Assim, o ativo deve ser inicialmente reconhecido por R$ 657.516,23.

 O ativo imobilizado, assim como preconizado pelo IAS 16, deve depreciado pela sua vida útil. Supondo 10 anos a vida útil e adotado o método linear, apropriaremos como depreciação no primeiro ano, R$ 65.751,62.

 Já para o passivo deve ser apropriada despesa financeira. No primeiro ano, R$ 98.627,43.

 

 

Período  Saldo inicial  Juros  Saldo final
            1        657.516,23        98.627,43     756.143,66
            2        756.143,66      113.421,55     869.565,21
            3        869.565,21      130.434,78  1.000.000,00

 

Leia também:

CPC 12 – Ajuste a Valor Presente: pequena discussão e exemplo prático 

Taxas de depreciação: vida útil econômica ou vida útil? 

 

http://executivosfinanceiros.com.br/noticias_mostra.asp?id=78419

Exibições: 354

Comentar

Você precisa ser um membro de Blog da BlueTax moderado por José Adriano para adicionar comentários!

Entrar em Blog da BlueTax moderado por José Adriano

Comentário de Pollyana Flores Maciel em 4 junho 2012 às 10:16

A necessidade de se trazer a valor presente algumas transações vem do próprio Framework, que preza a essência da transação em seu reconhecimento, mensuração e divulgação, pois considera os juros embutidos nos preços das transações em relação ao preço a vista correspondente.

Com isso, a “arte” de contabilizar pelo simples valor da nota fiscal agora não é mais válido. Deve-se avaliar a transação e verificar se há a necessidade da apuração do cálculo a valor presente.

Para transações de curto prazo (até 90 dias, geralmente) pode-se contabilizar “pelo valor da nota”, pois presume-se que a diferença do PV e do FV não é tão grande. Mas vale a pena avaliar.

Relembrando que para impostos diferidos não há ajuste a valor presente.

Para ilustrar vamos a um exemplo bem básico:

Alpha é uma fornecedora para o setor automotivo e vendeu peças para uma grande companhia alemã de automóveis no montante de R$ 150.000 (valor da nota) para ser recebida em 20 meses. A taxa de desconto apropriada é de 2,5%a.m.

Quais devem ser os lançamentos contábeis no reconhecimento inicial e no primeiro mês após a venda?

No reconhecimento inicial  
D. Clientes   150.000,00
C. Receita de vendas   150.000,00
     
D. Receita de vendas 58.460,00
C. Rendas a apropriar – clientes (A) 58.460,00
     
Apropriação de juros no mês 1  
     
D Rendas a apropriar – clientes (B)      2.288,50
C Receita financeira comercial      2.288,50

 

Cálculos auxiliares    
(A) Valor Presente do Recebível (HP – 12C)
HP = G BEG      
FV = 150.000      
i = 2,5      
n = 20      
PV = enter      
PV = 91.540      
Rendas a apropriar = 150.000 – 91.540 = 58.460
       
(B) Quadro de juros  e principal  
       
Período Saldo inicial Juros Saldo final
    3%  
1      91.540,00    2.288,50    93.828,50
2      93.828,50    2.345,71    96.174,21
3      96.174,21    2.404,36    98.578,57
4      98.578,57    2.464,46   101.043,03
5    101.043,03    2.526,08   103.569,11
6    103.569,11    2.589,23   106.158,34
7    106.158,34    2.653,96   108.812,29
8    108.812,29    2.720,31   111.532,60
9    111.532,60    2.788,32   114.320,92
10    114.320,92    2.858,02   117.178,94
11    117.178,94    2.929,47   120.108,41
12    120.108,41    3.002,71   123.111,12
13    123.111,12    3.077,78   126.188,90
14    126.188,90    3.154,72   129.343,62
15    129.343,62    3.233,59   132.577,21
16    132.577,21    3.314,43   135.891,64
17    135.891,64    3.397,29   139.288,94
18    139.288,94    3.482,22   142.771,16
19    142.771,16    3.569,28   146.340,44
20    146.340,44    3.659,56   150.000,00

http://ifrsbrasil.wordpress.com/2011/01/18/cpc-12-%e2%80%93-ajuste-...

Apoio

http://picasion.com/

Receba a Newsletter Diária

Enter your email address:

Delivered by FeedBurner

Apoio

© 2025   Criado por José Adriano.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço