Pesquisa realizada pelo Instituto Análise detectou que a população prefere recolher menos tributos a receber benefícios de programas sociais do governo.
Renato Carbonari Ibelli - 31/1/2010 - 19h27
Famílias de baixa renda preferem pagar menos impostos quando compram alimentos em vez de serem auxiliadas por programas de transferência de renda. A conclusão é de um estudo publicado pelo Instituto Análise. Segundo o levantamento, 67% das pessoas com renda familiar de até R$ 465 preferiram a desoneração do consumo ao aumento do Bolsa Família.
A tributação média cobrada sobre os alimentos no Brasil é de 22,5%, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), percentual muito superior à média mundial, de 6,5%. Para alguns produtos da cesta básica do brasileiro, os tributos extrapolam bastante essa média. No caso do açúcar, por exemplo, 32,33% do preço final do produto corresponde a impostos embutidos. Sobre o valor da manteiga, a tributação chega a 36,01%.
Justamente as famílias de menor renda, como as que opinaram no levantamento do Instituto Análise, são as que mais sentem o impacto da tributação sobre os alimentos, ou sobre o consumo em geral. Isso acontece porque, segundo o IBPT, 65% dos tributos do País recaem sobre o consumo. E como a população mais pobre gasta maior parcela dos seus ganhos com o consumo, acaba mais onerada. O sistema tributário brasileiro é considerado um dos mais perversos do mundo por causa dessa peculiaridade.
Vale lembrar que os principais tributos que incidem sobre o consumo são o Programa para a Integração Social (Pis), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – esses três são federais –, o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – que é estadual – e o Imposto sobre Serviços (ISS) – municipal.
IBGE – Outro estudo que dá aval àquilo que as famílias de baixa renda experimentam no bolso foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2008. De acordo com esse levantamento, famílias que ganham até dois salários mínimos comprometem 48,9% dos rendimentos com o pagamento de impostos. Já aquelas que vivem com mais de 30 salários veem o Leão abocanhar 26,3% da renda. O estudo do IBGE considera todos os tributos, não apenas os que recaem sobre o consumo.
Desoneração – Tributaristas e economistas apontam a redução da carga tributária sobre o consumo como sendo uma ferramenta importante de estímulo à economia. Em julho do ano passado, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) apresentou ao governo federal uma proposta para a desoneração da cesta básica. A sugestão consistia na redução de 5% das alíquotas do Pis e da Cofins incidentes sobre esses itens. À época, a entidade calculava que a renúncia acarretaria R$ 3,6 bilhões anuais a menos para os cofres da União, com a ressalva de que o montante seria facilmente recuperado com o estímulo ao consumo resultante da medida. A sugestão da Fiesp não foi atendida pelo governo federal. Mas a União percebeu que a fórmula de desonerar para estimular o consumo dá resultado.
Quando o governo Lula reduziu – ou anulou – o IPI de determinados bens de consumo, como carros e linha branca, em um esforço para reverter o cenário recessivo causado pela crise mundial, o impacto imediato da medida foi o reaquecimento da economia.
O Instituto Análise ouviu mil pessoas em 70 cidades.
http://www.dcomercio.com.br/Materia.aspx?id=37794
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