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A Receita Federal do Brasil divulgou na quarta-feira (23) mais um número recorde de arrecadação de impostos. É a primeira vez na história que o valor de tributos recolhidos ultrapassa R$1 trilhão e o terceiro ano consecutivo de recorde na arrecadação. O resultado representa uma alta real – descontada a inflação – de 0,96% em dezembro sobre igual mês do ano anterior (R$96,6 bilhões) e de 0,70% em 2012 ante 2011 (R$970 bilhões).
Para o presidente do CRC-SP (Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo), Luiz Fernando Nóbrega, é obvio que o aumento do consumo tem um papel fundamental nesses números, porém o direcionamento dos recursos que movimentam o Brasil é fruto do trabalho e intelecto dos profissionais de contabilidade. “Vivemos um paradoxo dificílimo de equacionar: trabalhamos cada vez menos para aquele que nos remunera (cliente) e cada vez mais para quem nos impõe, impiedosamente, obrigações diárias, sem nos pagar nenhum centavo”, afirma Nóbrega.
Nóbrega ressalta que o volume de obrigações acessórias cresce a cada dia. “Enquanto no Brasil nós gastamos 2.600 horas por ano para calcular tributos, em Dubai, cidade mais populosa dos Emirados Árabes, por exemplo, se gasta apenas 12 horas. Esse número alarmante mostra o quão o Fisco impõe diuturnamente às empresas mais e mais obrigações acessórias vindas”, diz e acrescenta: “Trabalhamos e somos remunerados por nossos clientes, porém não estamos nos dedicando a eles por conta de tantas informações que temos de prestar ao Fisco. E já que é assim, por que não, a exemplo do que fazem com instituições financeiras quando estas são intermediárias no processo financeiro de arrecadação tributária, o governo nos remunere pela eficiência no trabalho que prestamos a ele? É inegável que nosso papel ajuda e muito o Fisco no cumprimento de suas funções. Seria natural se assim acontecesse”.
Para o presidente do CRC-SP, o Governo precisa encabeçar uma campanha para a reforma tributária sair efetivamente do papel e desafogar a sociedade da alta carga de impostos e do crescente volume de obrigações acessórias. “A carga tributária brasileira afasta investimentos e impede que as empresas nacionais, principalmente as micro e pequenas cresçam. A classe contábil é a que mais sente isso na pele, já que trabalha para criar soluções para que as empresas se planejem e sofram, dentro da legalidade, os menores impactos tributários e que as ajudam em sua difícil sobrevivência.” E em paralelo equacionar e racionalizar os gastos públicos. "Que situação dúbia se vive atualmente: são alcançados recordes de arrecadação e sempre faltam recursos para educação, saúde, transporte público e tantas outras áreas. Como isso pode ocorrer? A classe contábil está à disposição para ajudar se for convocada. Tenho certeza de que muito temos a agregar”.
Fonte: Essência Sobre a Forma
http://www.essenciasobreaforma.com.br/noticias-completa.php?id=1652
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