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Por Eduardo Nunomura
Uma pesquisa de Melhores e Maiores com 176 dirigentes de empresas evidencia o desejo de mudanças na economia — com qualquer um que ocupe o Palácio do Planalto em 2015
São Paulo – Em 2002, o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, apostou na estratégia de mostrar os riscos de uma mudança no governo caso a oposição vencesse a eleição. Não colou. O tucano foi derrotado pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva, que, durante a campanha, respondeu com o bordão “a esperança vai vencer o medo”.
Na eleição presidencial deste ano, o medo parece ter voltado à tona, mas com sinal trocado. O temor agora é que tudo continue na mesma. A onda de manifestações populares, a preocupação com o baixo crescimento do país e as críticas à condução da economia são sinais claros de insatisfação e desejo de mudança — seja quem for o próximo ocupante do Palácio do Planalto.
Uma pesquisa realizada em maio por Melhores e Maiores com 176 dirigentes das maiores empresas do país também aponta nessa direção. Nove em cada dez entrevistados deram nota abaixo de 5 à gestão da presidente Dilma Rousseff.
A maioria (75%) considera Aécio Neves o candidato mais preparado para assumir a Presidência. No entanto, quando questionados sobre quem tem mais chance de vencer a eleição deste ano, os executivos apontaram Dilma como favorita (49%), à frente de Aécio (41%) e de Eduardo Campos (8%).
A insatisfação dos comandantes de empresas ficou mais evidente quando questionados sobre os principais problemas da economia. As maiores fontes de preocupação para 2015 são a carga tributária, a inflação e a forma de atuação do governo. “Os presidentes têm razão.
O sistema tributário ficou tão maluco, confuso e incompreensível que o imposto se transformou em custo para as empresas”, afirma o economista Maílson da Nóbrega, ministro da Fazenda no governo de José Sarney. “Mas, qualquer que seja o eleito, a probabilidade de termos uma reforma tributária na dimensão necessária é zero.”
Para o ex-ministro, a simplificação dos tributos teria condições de gerar um ganho para a economia brasileira equivalente a 2 pontos percentuais no PIB. Os empresários veem pouca chance de que isso ocorra no curto prazo.
“Nossa carga tributária é realmente elevada”, diz Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria. “Mas nenhum governo conseguirá mudar esse quadro sem reduzir antes os gastos do Estado.”
Inflação e governo
O segundo problema que mais tira o sono dos dirigentes é a inflação, citada por 42% dos entrevistados. Trata-se de uma preocupação compreensível, segundo o economista Raul Velloso, especialista em finanças públicas. “O próximo presidente receberá uma herança ruim. A mais visível delas é a inflação”, afirma Velloso.
Um agravante é que o governo tem relutado em reajustar os preços que administra, como o da gasolina e o da energia elétrica. “Isso exigirá a tomada de medidas corretivas de imediato. Mas, se o próximo presidente fizer os reajustes de forma gradual, o país demorará para voltar a crescer”, diz Velloso.
A mão forte do governo foi citada como o principal problema por 39% dos entrevistados. Esse resultado ajuda a entender por que 38% dos executivos consideram que ainda não houve uma realização significativa na gestão de Dilma. As iniciativas positivas mais mencionadas foram os programas sociais e as recentes concessões de infraestrutura.
A pesquisa mostra também que os executivos não estão muito otimistas com o próximo ano. A maioria acha que o PIB brasileiro crescerá menos de 2% em 2015 (em termos reais). Mais da metade prevê que sua empresa crescerá acima de 5% no próximo ano em termos nominais (ou seja, um crescimento próximo de zero, descontada a inflação).
E 61% afirmam que suas empresas pretendem manter ou reduzir em 2015 o nível de investimentos deste ano. É outro indício de que os executivos aguardam mudanças para apostar mais no país.
Fonte: Exame
http://www.mauronegruni.com.br/2014/07/03/quem-comanda-empresas-que...
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