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Por Mauro Negruni
É bastante interessante o movimento que o projeto do SPED – Sistema Público de Escrituração Digital, trouxe para o ambiente das companhias: interação de duas áreas que historicamente não convergiam.
Eu sou do tempo que os mainframes assustavam aos contadores, assim como todos os demais empregados das empresas – além das equipes de programadores, analistas, operadores e digitadores. Só pelo tamanho já impressionava, mais ou menos como os dinossauros faziam com os animais menores que andavam pela terra. Eu era programador.
Também, por sua vez, a chamada “contabilidade” era o mostro que consumia todas as informações da empresa. Tudo deveria passar por lá. Nem todos os analistas sabiam exatamente o porquê, mas era preciso contabilizar.
Será que nasceu aí a intrigante relação entre os contabilistas (contadores e técnicos contábeis) e os profissionais de “processamento de dados”? Numa mesa, sob uma disputa de poder e com um projeto para entregar para um cliente interno e com um contador afirmando que faltava a “maldita rotina de contabilização”?
Quando me deparei pela primeira vez com os livros fiscais, numa renomada empresa de suprimentos industriais em Porto Alegre, lembro que alguém me disse: “vai lá e acalma a usuária porque o a situação está ruim para o nosso lado”. Como o programador que atendida a tal usuária tinha deixado a empresa, depois de anos de trabalho para a área fiscal, ninguém sabia o que eram os livros fiscais. Isso foi por volta de 1992.
É intrigante, mas eu realmente me interessei pelo assunto. Quis aprender a lógica que comandava aquilo que para meus colegas não passava de papéis esquisitos cujos programas que os geravam eram ainda mais estranhos.
Foi nesta época que percebi que havia uma lacuna na área de TI, pois quase todos os profissionais estavam focados no negócio da empresa. Poucos, naquela ocasião, praticamente apenas eu, estavam colocando foco na retaguarda.
Aprendi a conviver com os contadores, administradores e demais operadores da gestão administrativa das empresas. Estava presente na reunião que lançou o SPED e desde então tenho falado em “Informatiquez e contabilidez” todos os dias.
Minha formação é técnica na área de TI, mas aprendi a gostar e admirar os contadores. A ciência contábil – pra mim muito mais técnica do que ciência, mas aceito opiniões contrárias – passou a ser minha paixão profissional e fui um dos muitos profissionais de TI que sentou na mesa com os contadores de várias empresas (como consultor e gerente de projetos) para solucionar as demandas do SPED.
Tem sido legal reviver esta experiência de arregimentar grupos formados por analistas fiscais, contábeis e de sistemas para realizar estes projetos, mesmo que alguns ainda estejam na fase da revolta. Isso será tema para a próxima. Então até lá.
http://www.baguete.com.br/colunistas/colunas/366/mauro-negruni/22/1...
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achei muito bom esse comentário. Isso realmente existe. Esse pseudo antagonismo entre as duas áreas precisa ser melhor absorvido pelos profissionais envolvidos, pois o futuro da escrituraçao para fins comerciais e fiscais levá-los-á interagir diáriamente. Um terá que entender a função do outro na geração das informações imprescindíveis aos usuários em geral (sócios, clientes, governos, etc..)
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