Software fiscal e seu ciclo de vida - O único requisito certo é que os requisitos irão mudar

Por Alex Marin Silva

Desde os rudimentares softwares de contabilidade, passando pelos de escrita fiscal, até as contemporâneas soluções de compliance fiscal, nos deparamos com o mesmo cenário – o número frenético de alterações legais promovidas pelos órgãos legais brasileiros. São resoluções, instruções normativas, medidas provisórias, regimes especiais, etc. A verdade é que o Fisco brasileiro tem compulsão em alterar as regras do jogo.
É a nossa cultura. Quantos planos econômicos precisaram ser construídos para superar a fantasma da inflação? E há quem diga que muitas ideias vieram de teses de conclusão de curso de uma geração brilhante de economistas inexperientes e até mesmo da velha tática da tentativa e erro.
O fato é que produtos de software sofrem com este número absurdo de alterações que a médio e longo prazo vão se deteriorando, remendos vão sendo colocados, alterações sem documentação ou critério e soluções sem abranger o todo vão sendo implementadas e um monstro silencioso é alimentado.
O mercado de software fiscal é um nicho importante, no qual existem vários empreendedores e empresas que não têm em sua essência o DNA fiscal e que passaram a investir na construção de soluções, principalmente com o advento do SPED (Sistema Público de Escrituração Digital).
O número de opções que prometem atender às necessidades dos contribuintes é infinito e as ofertas são atrativas financeiramente, porém é preciso muito cuidado na hora de comprar uma solução ou um projeto para solução fiscal.
Emitir um livro fiscal, gerar um arquivo magnético e realizar a apuração do PIS/Cofins, que precisa ser informada no bloco M da EFD Contribuições, são obrigatórios em qualquer solução. Isto é apenas commodity.
O problema começa quando as soluções não possuem mecanismos de ALM (Application Lifecycle Management ou Ciclo de Vida de Aplicativos) em sua gestão de produto. O ALM regula as estratégias de gerenciamento de software fundamentais para qualquer produto, em especial as de soluções fiscais, que mudam com uma frequência acima do normal.
Planejamento de entrega, estratégia para liberação de correções e evolução da ferramenta, tempo de vida de uma versão desde seu nascimento e controle do versionamento do produto em suas instalações são algumas boas práticas para um ciclo de vida saudável de uma aplicação.
Portanto, ao contratar uma solução fiscal, não podemos olhar somente a lista de requisitos atendidos no ponto de vista do usuário, mas também o quanto robusto e seguro é o Ciclo de Vida da Aplicação, pois, afinal, temos apenas uma certeza: que requisitos irão mudar.

 

http://www.tiinside.com.br/13/09/2012/software-fiscal-e-seu-ciclo-d...

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