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Por Marcio Gomes
Com o passar dos anos, estamos ficando cada vez mais acostumados com as inovações do projeto SPED (Sistema Público de Escrituração Digital). Se, por um lado, ainda há muita novidade a caminho, por outro há um longo percurso até alcançar a estabilização das etapas já implantadas nas organizações – fundamental para que alguns pontos sejam colocados em ordem.
Frases como “A partir de agora tudo mudou”, “Todos terão de reaprender a trabalhar”, ou ainda “Os antigos contabilistas e tributaristas estão ultrapassados” são repetidas a esmo, como se todo conhecimento apreendido em anos e anos de trabalho não servisse para mais nada, sendo necessário reaprender tudo em novas bases para enfrentar um novo cenário e um novo mercado de trabalho.
É sabido que toda grande mudança implica num período de insegurança – e o projeto SPED é uma mudança impactante na relação fisco/contribuinte. Mas é justamente nesses momentos que o conhecimento acumulado, a experiência profissional e a qualidade na interpretação adquirida com muita vivência fazem toda a diferença. A bem dizer, a interpretação dos fatos contábeis e fiscais não mudou radicalmente. Ou seja, o conhecimento adquirido à custa de alguns cabelos brancos não se tornou descartável. Ao contrário: é a base sobre a qual é possível fazer a “revolução digital” das obrigações acessórias.
O que mudou e ainda vem mudando muito é a exposição da empresa. Os projetos de implantação de soluções digitais tiveram como condutores, durante a primeira fase, profissionais da área de tecnologia. O objetivo era validar e enviar as informações, cumprir prazos, e armazenar os protocolos de envio. Naquele momento não se questionava a fidelidade nem a veracidade das informações. Mas esse tempo passou. Aliás, se ainda não passou na sua empresa, se apresse em transformar a situação. Se a tecnologia é o caminho para o envio, o que importa muito é a qualidade da informação – que pode significar ou o cumprimento de uma obrigação acessória, ou o início de uma grave contingência.
É tempo de termos “informação com tecnologia adequada ao seu envio”, e não “tecnologia para o envio de qualquer informação”. É hora de deixar claro que a experiência dos profissionais contábeis e tributários não deve ser descartada. Na medida em que passam a entender e a trabalhar com as novas tecnologias, esses profissionais reassumem o controle que sempre foi deles. Afinal, são os responsáveis e serão cobrados pela qualidade da informação. Em dado momento, quando se priorizava apenas a tecnologia, muitas empresas deixaram de entregar, por exemplo, o ‘Balanço Patrimonial’ e a ‘Demonstração no Resultado do Exercício’ na Escrituração Contábil Digital. Num exemplo ainda mais comum, muitas deixaram de entregar o ‘Inventário’ dentro da Escrituração Fiscal Digital. Isso com certeza gerou uma série de problemas.
A tecnologia envolvida no projeto SPED é um meio que aumenta nossa responsabilidade. Mas, mal comparando, um artista não é pior ou melhor em detrimento do meio em que grava sua música, seja vinil, CD ou meios digitais. A evolução tecnológica, aqui discutida na digitalização das obrigações acessórias da empresa, não faz com que as empresas prescindam do conhecimento de seus profissionais – única forma de garantir a “informação com tecnologia”.
Isto posto, é imprescindível que a empresa tenha um parceiro nos seus projetos de implantação que consiga extrair esse conhecimento acumulado de seus profissionais, sendo parceiro ainda no fornecimento da tecnologia adequada e no suporte dentro do prazo adequado. A perfeita sincronia entre a experiência profissional dos recursos da empresa e a aplicação da ferramenta de tecnologia adequada é o único caminho para o cumprimento da obrigação e para que a ‘revolução tecnológica’ não seja um transtorno, mas mais um desafio a ser vencido.
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