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Desde que as áreas tributária, contábil e fiscal das empresas tiveram de se adaptar à digitalização de vários processos, a relação com o departamento de TI vem mudando. Mas ainda há muito que ser alinhado, porque persiste certa desconfiança – entre os profissionais contábeis – em relação aos profissionais ‘de informática’. Trata-se de uma questão cultural que precisa ser transformada urgentemente dentro das empresas, pois só assim os ganhos serão cada vez mais palpáveis.
A atual dinâmica das obrigações acessórias exige um tempo de resposta cada vez mais curto, ao mesmo tempo em que impõe grande exatidão. O nível de conhecimento e especialização aumenta, ao passo que as atividades que não agregam valor estão cada vez mais sendo automatizadas. É bem nesse ponto que entra uma das interseções com a área de TI. Com a transmissão de conhecimento bem feita para as rotinas automatizadas, se ganha muito na qualidade final do entregável fiscal, contábil e tributário, e o trabalho de validação final fica muito mais rápido.
As implantações necessárias para atender às novas demandas do fisco – e elas ocorrem cada vez mais frequentemente – serão tão bem feitas quanto for a qualidade da comunicação e o trabalho desenvolvido em conjunto com a área de TI. Não há mais outro caminho. Agora, seu colega de TI é um pouco tributarista/contabilista e você passa a ser um pouco programador.
Sempre foi extremamente importante ter as informações organizadas e as bases tributárias apuradas são tão importantes quanto a demonstração de sua composição. Mas o mundo mudou rápido. O que fazer agora? Ao mesmo tempo em que a necessidade de acertar da primeira vez aumenta, já que o controle do fisco é total sobre os números da empresa, seu tempo diminui e as equipes de trabalho hoje são visivelmente menores.
O mercado já se deu conta dessa carência e ferramentas de apoio na revisão de obrigações acessórias digitais são cada vez mais comuns. Não apenas entregar, mas validar e ter confiabilidade da informação entregue, está na ordem do dia. Muitas empresas se valem da terceirização de mão de obra especializada ou buscam no mercado soluções de BI ( Business Intelligence ).
Mas, em qualquer uma das opções disponíveis o conhecimento técnico é a peça central que faz a engrenagem toda funcionar.
De nada adianta contratar a implantação de uma ferramenta de “Compliance Tributário” (análise tributária) se esse conceito não for completamente absorvido pela alta diretoria. A técnica contábil, a visão tributária analítica, a análise fiscal... Tudo isso pertence ao universo do contabilista/tributarista, que continua sendo o elo mais importante dessa corrente. Isso derruba a ideia de alguns de que os contadores estão sendo substituídos por máquinas. Não é verdade! Eles estão, atualmente, apenas sendo estimulados a se manter constantemente atualizados e a adquirir um conhecimento profundo sobre todo o processo da empresa para a qual prestam serviços, pois cada etapa do processo irá gerar consistências ou inconsistências fiscais, contábeis e tributárias. Enquanto o contador/tributarista tem em suas mãos relatórios, demonstrativos e cruzamentos de dados que garantem a correção e a eficiência do trabalho de sua equipe na empresa, a área de TI é apenas uma importante aliada.
Nos últimos cinco anos, a dinâmica contábil, fiscal e tributária mudou muito. Essa mudança vai desde as convergências às normas internacionais até a nova forma de envio de obrigações ao fisco, o aumento no número de tais obrigações, a fiscalização eletrônica, a comunicação eletrônica via ECAC e Domicilio Tributário Eletrônico, entre outros. No entanto, algo não mudou e não vai mudar: a necessidade que as empresas têm de profissionais que entendam, interpretem e coloquem em prática toda essa nova conjuntura sem expor a empresa às contingências tributárias.
No início, havia a impressão de que os diretores enxergavam a solução apenas fora da empresa, bastando contratar uma consultoria de renome para tudo se resolver. Felizmente, já houve um choque de realidade e não adianta investir na ferramenta mais avançada do mundo se não se pode contar com um profissional preparado para interpretar resultados e adaptar a ferramenta à realidade da empresa, otimizando o investimento.
Mais ainda: internamente, é necessário que os profissionais de TI sejam abastecidos de todo o conhecimento fiscal, tributário e contábil mínimo para que também consigam interpretar o que é o entregável. Se houver essa aliança dentro da empresa, tanto para implantações como para desenvolvimentos internos, se os profissionais tributários e da área de TI falarem a mesma língua – dentro de sua área de formação, obviamente – a empresa e as áreas tributária, contábil e fiscal só têm a ganhar. São profissionais complementares neste mundo digital, não concorrentes. O objetivo é um só:
tornar a empresa segura da qualidade das obrigações acessórias e sua composição.
Não existe BI, Outsourcing, BPO ou qualquer outra sigla moderna aplicável às rotinas contábeis que sigam à margem do mais importante: o profundo conhecimento da técnica e dos fundamentos contábeis, fiscais e tributários – que apenas um profissional atualizado, ativo e atuante pode fornecer com total segurança. O setor de Tecnologia da Informação é um grande aliado.
Portanto, devemos aprender com a própria Receita Federal do Brasil, que vem aliando técnica contábil e vanguarda tecnológica em seus desenvolvimentos.
Por Marcio Gomes
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