Presidente israelense minimizou conflito político com a Venezuela, durante encontro empresarial em São Paulo
Presidente de Israel, Shimon Peres: "Não existe economia única. As que quiserem enriquecer terão que se tornar globais" |
O Tratado de Livre Comércio (TLC) negociado entre o Mercosul e Israel avançou no Congresso Nacional. O acordo, assinado em 2007, foi aprovado nesta quinta-feira (12) pelo plenário da Câmara dos Deputados, e agora segue para o Senado.
Apesar de negociado com o bloco econômico, o tratado tem vigência bilateral, e o Brasil poderá desfrutar do livre comércio com Israel já no início de 2010.
“Estamos muito gratos pelo Mercosul abrir seu mercado. Não existe economia única. As que quiserem enriquecer terão que se tornar globais. Esse acordo é importante para mostrar ao mundo que a economia não tem fronteiras”, afirmou o presidente do Estado de Israel, Shimon Peres, no encerramento do Encontro Empresarial Brasil-Israel nesta quinta-feira (12), na Fiesp.
Para o mandatário israelense, a possível entrada da Venezuela no bloco econômico sul-americano não deverá atrapalhar as negociações. O governo venezuelano, comandado por Hugo Chávez, rompeu as relações com Israel após criticar a ofensiva militar na Faixa de Gaza, no início deste ano. Mais de 1.400 palestinos morreram no conflito.
“Não acredito que o Mercosul adotará a política de Chávez, mas ele é que terá de adotar a política do Mercosul, que é de cooperação, e não de ódio”, respondeu Shimon Peres, em entrevista coletiva. “Chávez tem que chegar a um acordo com o mundo, porque o mundo não vai seguir o seu exemplo”, seguiu.
Sem barreiras
O acordo – já aprovado por Uruguai e Paraguai, pendente no Brasil e na Argentina – prevê a liberalização de mais de 90% do comércio entre as duas regiões, com desgravação progressiva das tarifas de importação em um período de 10 anos. Se aprovado, este será o primeiro entendimento do Mercosul fora da América Latina.
O Brasil tem acesso a um mercado de 7 milhões de habitantes em Israel, com um PIB de US$ 220 bilhões. O presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf, avaliou o tratado como uma oportunidade para alavancar o comércio bilateral, que ainda é pequeno se comparado ao fluxo dos países, em torno de US$ 400 bilhões.
Shimon Peres recebe de Paulo Skaf (à dir.) a medalha Ordem do Mérito Industrial SP
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“Israel tem uma população menor, mas é um mercado consumidor importante, que poderá consumir mais alimentos, têxteis e móveis. Existem muitos produtos que podemos passar a fornecer ao país com custos menores, sem barreiras ao comércio”, disse Skaf. “Daremos todo o apoio para que o Senado, nos próximos 30 ou 40 dias, aprove o acordo”, prosseguiu o dirigente, que condecorou Shimon Peres com a Ordem do Mérito Industrial São Paulo.
Cada proposta do TLC abrange 9 mil itens. A oferta do Mercosul a Israel na negociação inclui 2.300 itens com desgravação imediata (26%). Uma fatia de 7% da pauta já se beneficia de isenção tarifária.
Do lado israelense, a desgravação imediata atinge 74%, e engloba 6.700 produtos da cesta. Cerca de 43% dos produtos brasileiros importados por Israel já têm tarifa zero. Do total negociado, aproximadamente 7% dos itens comercializados entre o bloco econômico e o país do Oriente Médio serão submetidos a cotas de importação.
Comércio bilateralO Brasil é deficitário na balança comercial com Israel: fechou o ano de 2008 com saldo negativo de US$ 823 milhões. A corrente comercial mais que triplicou nos seis últimos anos, saindo de US$ 506 milhões em 2003 para mais de US$ 1,6 bilhão no ano passado. As exportações somaram, no período, US$ 399 milhões, e as importações alcançaram US$ 1,2 bilhão.
Do lado das vendas, o Brasil exporta para Israel principalmente carnes (34,8%), e nas importações a pauta é altamente concentrada em adubos e fertilizantes (61,9%) e produtos químicos orgânicos (10,2%).
Ouça aqui a entrevista de Paulo Skaf e Shimon Peres à Agência Radioweb.
Mariana Ribeiro, Agência Indusnet Fiesp
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