Blog da BlueTax moderado por José Adriano
Blog da BlueTax
Por Maurício Renner
O governo anunciou uma nova gestão para o eSocial, em um passo prévio para cumprir a promessa de fazer uma grande simplificação no programa de entrega de informações trabalhistas.
Uma portaria foi publicada no Diário Oficial semana passada, prometendo “promover a simplificação do eSocial no que se refere à prestação de informações e à linguagem, para maior acessibilidade e eliminação de redundâncias”.
A gestão do eSocial passou para a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, sob a supervisão de um novo comitê gestor, com representantes da secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade e da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital.
De acordo com a portaria, compete ao comitê gestor propor diretrizes, a simplificação do sistema, a divulgação e a elaboração de calendário de substituição das declarações fiscais, previdenciárias e trabalhistas que integram a plataforma.
Além disso, a Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital deve apresentar, em um prazo de 30 dias, propostas para simplificar o desenvolvimento e a implantação do eSocial.
As mudanças prometem ser drásticas. Não faz muito, o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos Alexandre da Costa, afirmou que o sistema atual é complexo e "socialista" e tinha que “acabar”.
“É um sistema socialista, de controle de mão de obra e que as empresas não aguentam mais. Uma complexidade nefasta. A ideia é a gente acabar com o eSocial e ter um novo sistema bastante simplificado”, disse Costa.
Costa afirma que o eSocial foi criado para simplificar a vida do empregador, mas tornou a rotina de quem contrata "um inferno", principalmente pela quantidade de informações demandadas. Segundo ele, em alguns casos são demandadas 1.800 informações.
“Por exemplo, título de eleitor. Desnecessário, porque já tem o CPF do empregado. Dessas 1.800, mais da metade são desnecessárias. É um inferno isso. Virou um monstro”, acusa Costa, que agregou ainda que o “sistema falha” e é “tudo de ruim”.
Como tantas outras coisas, a posição de Costa não expressa um consenso dentro do governo.
Fontes ouvidas pela Folha de São Paulo disseram que o Ministério da Economia está dividido, e que as declarações de Costa são mais "opinião do que planos".
O Sistema de Escrituração Fiscal Digital das Obrigações Fiscais Previdenciárias e Trabalhistas, conhecido pela sigla eSocial, deu os primeiros passos em 2013 e é parte de um esforço em curso em Brasília desde o começo nos anos 2000 no sentido de digitalizar as relações entre empresas e governo.
Ele é uma espécie de nota fiscal eletrônica para fiscalização das obrigações trabalhistas, um mar de 14 siglas: GFIP, CAGED, RAIS, LRE, CAT, CD, CTPS, PPP, DIRF, DCTF, QHT, MANAD, GRF e GPS.
Elas incluem o recolhimento de FGTS, comunicações de acidente de trabalho, comunicações de dispensa, imposto de renda retido na fonte e outras informações mais etéreas como o perfil profissiográfico previdenciário.
A partir de janeiro de 2018 a medida se tornou obrigatória para grandes empresas com faturamento superior a R$ 78 milhões por ano.
O investimento para criar o sistema foi da ordem de R$ 100 milhões, aplicado principalmente em tecnologia da informação.
Os críticos do eSocial e outros movimentos semelhantes do governo apontam que os novos sistemas simplesmente informatizaram a burocracia, sem alterações estruturais para facilitar a vida das empresas.
No caso do eSocial, foram criados inclusive custos adicionais para pequenas empresas, uma vez que o envio de dados exige certificados digitais e a aquisição de sistemas informatizados que façam a conexão com o governo (um bom negócio para empresas de TI, diga-se de passagem).
Exigências como exames por médicos do trabalho, hoje dribladas por muitas pequenas empresas, se tornam mais fáceis de fiscalizar - e de multar.
Pode ter a ver ou não, mas no começo de março Luciano Hang, dono da Havan e bolsonarista militante, pediu o fim do eSocial, durante reunião com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), e com a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL).
Dentro das práticas retóricas em alta no Brasil, Hang foi enfático, ainda que não exatamente bem educado:
“Eu entreguei lá, para o secretário, uma pauta para desburocratizar a nossa vida. E a primeira delas é acabar com o E-Social. E-Social é uma putaria do cacete. E isso está ligado com a Receita Federal”, disse Hang, muito aplaudido pelos presentes.
De maneira algo mais ponderada, Hang agregou: “Nós somos contribuintes e o governo que acreditar na gente. E no Brasil é o contrário. Você é culpado até que prove que é inocente”.
A fala, divulgada no Twitter de Hang, aconteceu durante um encontro de empresários para demonstrar apoio à proposta de reforma da Previdência, incluindo também Flávio Rocha, da Riachuelo, que chegou a tentar uma candidatura à presidência nas últimas eleições.
https://www.baguete.com.br/noticias/18/06/2019/vem-ai-o-fim-do-esoc...
© 2025 Criado por José Adriano. Ativado por
Você precisa ser um membro de Blog da BlueTax moderado por José Adriano para adicionar comentários!
Entrar em Blog da BlueTax moderado por José Adriano