Dora Ramos * . - 26/5/2009

Qual a primeira imagem que vem a cabeça quando pensamos em um contador? Óculos, calculadora no bolso e pilhas e pilhas de papel. Acertei? Talvez, com a chegada do século XXI, e junto com ele a era da informação e dos computadores, a última parte da descrição não esteja tão atualizada quanto imaginamos.

Os contabilistas passam por uma época de transformação no seu ofício. Antes envolvidos em papéis, formulários e livros de controle, agora, ao sentarem-se na mesa de trabalho, têm apenas uma ferramenta à frente, o computador. O meio digital veio para revolucionar a arte dos contadores. Trouxe consigo mais rapidez e menos burocracia, mas ainda o mesmo nível de responsabilidade ao lidar com as contas empresariais.

Um exemplo das novas tecnologias aplicadas à contabilidade é o SPED, Sistema Público de Escrituração Digital, que está revolucionando o fisco brasileiro. Ao substituir o Livro Diário e o Livro Razão por arquivos digitais, o novo sistema tornou o processo de fiscalização mais prático e rápido. Junto com os benefícios, o SPED exigirá atualização profissional por parte do contabilista e uma habilidade cada vez maior ao lidar com o eletrônico. Além do SPED, inovações como as certidões digitais das empresas e a nota fiscal eletrônica já são realidade para muitos empresários brasileiros.

Aquele antigo profissional, fechado em seu próprio nicho de atuação, morreu com a chegada do meio eletrônico no mundo dos números. Em seu lugar, entraram em cena os contadores modernos, com um laptop embaixo do braço e a vontade de aprender novas técnicas, fugindo dos números escritos a lápis sobre aquele ultrapassado pedaço de papel.

O contador deixou de ajudar apenas nos números, e passou a servir, também, como um consultor de boas práticas, de quem o cliente pode tirar conselhos e direções para as políticas financeiras de sua empresa. Claro, que essas novas atribuições devem ser devidamente remuneradas, afinal, é um trabalho extra feito pelo profissional, ainda pouco conhecido, mas perfeitamente dentro de sua capacidade de ação.

A web virou de cabeça para baixo as comunicações, a arte e as relações sociais. Revolucionou as mais variadas profissões, como o secretariado, que substituiu as pré-históricas máquinas de escrever por programas como o Word; a engenharia, que aposentou a prancheta e passou a usar programas como AutoCAD e Catia; e o setor de recursos humanos, que recebia currículos por carta e agora faz tudo por mensagens eletrônicas ou por meio de sites de recrutamento. Por que então não mudaria a forma do contador trabalhar? Modificações que vêm para o bem devem ser aceitas e incorporadas ao dia-a-dia pelas pessoas que atuam nessas áreas, por conta de sua própria sobrevivência no mercado.

A dificuldade é maior em áreas mais ortodoxas como direito, economia e contabilidade, mas as novidades, inevitavelmente, serão absorvidas pelos profissionais. Aceitar o novo e extrair o que nele há de melhor é prioritário para o profissional dos números, afinal, lidamos com o mais instável e complicado fator do mundo comercial: o dinheiro.

* Dora Ramos atua no mercado contábil-administrativo há mais de vinte anos. É fundadora e contadora responsável pela Fharos Assessoria Empresarial. http://www.fharos.com.br

http://www.ahora.com.br/materia.asp?CodMat=11030

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