Blog da BlueTax moderado por José Adriano
Blog da BlueTax
Por Eduardo Lesina
Há pouco mais de 10 anos, a convergência às normas internacionais de contabilidade e o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas foram as grandes preocupações da classe contábil. Passado o turbilhão gerado por toda e qualquer mudanças, a tendência é que o contador faça as pazes com esses pontos e tire proveito delas. Com a tecnologia crescendo e o ramo empresarial sendo cada vez mais decisivo economicamente, o exercício contábil passou a ter uma visão mais disruptiva com o status quo da contabilidade: a mudança tecnológica está relacionada com a mudança comportamental. Os conceitos de inovação trouxeram um novo campo de atuação para os contadores, que passaram a atuar com maior força nas áreas de gestão, minimizando danos de cunho patrimonial e propondo soluções para crescer. "Temos que entender, de uma vez por todas, que a tecnologia é uma aliada do profissional da contabilidade", aponta a presidente do Conselho Regional de Contabilidade, Ana Tércia, se opondo a ideia de inimizade entre os profissionais contábeis e as novidades tecnológicas. Entre as novidades da profissão, a participação efetiva da tecnologia foi, e está sendo, um grande marco para a classe. Essas novas responsabilidades são trazidas à medida em que os instrumentos disponíveis para execução dos trabalhos vai se otimizando: "quando cria-se maneiras mais eficientes de se apurar valores, de calcular, de desenvolver indicadores, por exemplo, o exercício contábil vai naturalmente se aperfeiçoando e acompanhando essas mudanças", avalia Ana. A transição do processo artesanal de produção de um livro contábil, para a digitalização, modifica, não somente o contador como profissional, mas todos inseridos nesse contexto. Pelo fato de a contabilidade ser um segmento que tem como objeto de estudo um volume muito grande de dados e de números, os facilitadores no processamento de dados são um marco para a profissão. Desde a tecnologia para a elaboração de uma nota fiscal até o mecanismo atual, com a nota fiscal eletrônica, os processos e etapas que eram característicos para os contadores, começaram a sofrer com uma metamorfose tecnológica. Esse processo de ligação com a tecnologia resultou no Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), que em 2007 teve seu início, sendo parte do Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal. Na prática, o Sped tornou-se um divisor de águas para o que se fazia na contabilidade e o que se faz atualmente. Sendo atualizado constantemente em novos blocos, o Sped promete acumular tudo que se precisa para fins de informação para processar uma contabilidade. Dessa maneira, o sistema de informação pode acumular muito conteúdo, forçando os contadores a se aliarem ao sistema para aperfeiçoar seus conhecimentos. Para Ana, não existirá vida contábil fora do Sped. A inserção dos dispositivos tecnológicos e de outros sistemas mais complexos, transformou não só a forma como a profissão funciona, mas também como será pensada no futuro. Além disso, modificou a forma que o contador, e todos os ramos de exercício dentro desse conceito, age e é visto pela sociedade. "A profissão de contador está deixando de ser vista apenas como alguém que produz números e levantamentos, para alguém pode interpretá-los e conduzir a empresa para o sucesso", projeta a coordenadora dos cursos de graduação e pós-graduação em Ciências Contábeis da São Judas Tadeu, Patrícia Coelho. Essa nova visão sobre um contador reflete-se em uma mudança no perfil do profissional de contabilidade. Patrícia fez mestrado em Engenharia de Produção, devido ao mercado de análises ser, na época, mais segmentado aos engenheiros. O conhecimento científico gerado através da utilização das novas tecnologias alimenta o mercado com uma profissionalização mais ativa e mais precisa. Dessa forma, o contador passa a trabalhar mais com a interpretação dos valores do que simplesmente o processamento dos números. "O profissional de contabilidade passa a prever cenários e ofertar soluções prévias, mudando a forma engessada que a imagem da profissão carrega", reflete Ana. Em 22 de setembro de 1945, o então presidente Getúlio Vargas assinou o Decreto-lei nº 7.988. O documento oficializou a criação do curso de Ciências Contábeis no País, o qual teve seu berço na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O dia, que marcaria a história e seria eternizado pela classe, é comemorado hoje como Dia do Contador. A profissão, ao longo de sua existência, passou por transformações que acompanharam os avanços os quais a sociedade também experimentou. Essas variações, tanto em dimensões micro - voltadas ao exercer da profissão -, quanto macro - em relação à categoria - fizeram o que a Contabilidade é hoje em dia. No início da organização da profissão como uma classe trabalhista, a formulação do modelo de conselhos, vigente hoje, pretendia impulsionar a regulamentação dos profissionais das Ciências Contábeis. Quando esse modelo tornou-se realidade, há cerca de 71 anos, o objetivo de fortalecer a profissão, de forma conjunta e estruturada, foi assumido pelos conselhos, tantos em âmbito estadual quanto federal. "Desde que o ser humano passou a ter a necessidade de obter o controle sobre o patrimônio, o ofício de contador foi e, ainda está, transformando-se", afirma Ana Tércia Rodrigues, presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRCRS). Através do tempo, os contadores passaram por diversas outras mudanças, como a convergência às normas contábeis internacionais, por meio do International Financial Reporting Standard (IFRS), e a chegada de novos aparatos tecnológicos que revolucionaram o exercício contábil.
Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/cadernos/jc_contabilidad...)
© 2024 Criado por José Adriano. Ativado por
Você precisa ser um membro de Blog da BlueTax moderado por José Adriano para adicionar comentários!
Entrar em Blog da BlueTax moderado por José Adriano