Airton Kwitko
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eSocial e SST: softwares atenderão a demanda?

Gerar itens relativos à Saúde e Segurança no Trabalho (SST) constantes de eventos do eSocial se constituem em complexos desafios. A imensa maioria dos sistemas de ERP informam dispor de soluções para a área de SST, em especial monitoramento da saúde e condições ambientais do trabalho. Será que essas soluções são otimizadas para as necessidades dos usuários ou ainda, contem aspectos que exige toda intrincada legislação pertinente?
Temos consistentes dúvidas de que não irão atender e justificamos o porquê, analisando sumariamente poucos aspectos de cada item.
Saúde: a cultura vigente de atendimento médico à exames admissionais, periódicos, etc, é uma cultura de “papel”, de prontuário em meio físico. Médicos atendem muitos pacientes em pouco tempo e exigir que o atendimento seja registrado diretamente em uma tela de sistema irá dificultar o andamento dos atendimentos. Como o tempo de atendimento irá aumentar, o custo do exame tenderá a se elevar, pois haverá menor produtividade do profissional. Sistemas oferecem alternativa para que o atendimento seja mediado por meio físico e depois transcrito para o digital, em caso de alto volume de consultas?
Ainda: o eSocial requer que sejam efetuados exames para os fatores de risco observados nos ambientes de trabalho; exames são exigidos somente quando os mesmos têm seus níveis de exposição acima dos níveis de ação. O sistema em uso terá que informar isso ao médico, para cada indivíduo que esteja sendo atendido, pois caso contrário caberá ao profissional dispendiosas consultas à documentos para saber quais exames é obrigado a requerer. Será que farão isso?
Segurança: para um mesmo ambiente de trabalho, períodos de exposição a algum fator de risco com determinado valor de avaliação não poderá se sobrepor à um mesmo período em que se observa outro valor, seja de forma total seja parcial. Ex: De 01/01/2015 a 31/12/2015 há exposição ao ruído em intensidade de 90 dB(A). Para o mesmo ambiente não poderá haver informação de que de 01/06/2015 a 31/03/2016 há exposição ao ruído de 85 dB(A). O sistema terá que controlar sobreposições e impedir cadastros de dados inconsistentes. Irá controlar?
Audiometria: a legislação pertinente – constante da NR–7 - apresenta complexos cálculos para detectar se em uma orelha a audição está normal ou alterada, e em caso de existirem audiometrias anteriores, se a audição em cada orelha está estável, normal, desencadeou-se uma perda ou agravou-se alguma já existente. Essas informações devem ser enviadas ao Governo por um evento do eSocial.
Como fonoaudiólogos terão tempo para efetuar o exame e ainda debruçar-se sobre todos os anteriores e fazer contas para chegar a alguma conclusão? E como irão proceder fonoaudiólogos se forem terceiros, sem ter a disposição os exames anteriores?
Aqui também, como mencionado no item “saúde”, o maior tempo dispendido para o exame e as necessidades de cálculos de interpretação, irão originar aumento do custo dos exames audiométricos.
E a dúvida: sistemas oferecidos contemplam análises audiométricas automáticas sob a luz dos preceitos da NR-7?
Suporte: empresas fornecedoras de soluções ERP estão voltadas para o uso do sistema oferecido e não tem suporte preparado para questões técnicas da área de SST. Nesse nível as indagações dos usuários não se limitam a saber se numa folha de pagamento a base de cálculo para determinado recolhimento está correta e se o valor “fecha”. As dúvidas serão de outra ordem. E quem vai dirimi-las? O atendimento poderá ser precário e o suporte tecnológico e operacional será insatisfatório.
Dessa forma: dispõem as empresas de ERP de pessoal com formação qualificada para atender e resolver prementes demandas de médicos, engenheiros, técnicos de segurança e fonoaudiólogos?
Para não produzir um artigo longo em demasia, esses poucos casos justificam a suposição de que a maioria dos softwares que apregoam “ter” soluções para SST na verdade, podem não as ter. Uma coisa é entregar ao usuário um sistema no qual a sua interação com o mesmo seja a um ponto penosa para o uso e pouco amigável – para não dizer inconsistente - pelos pobres recursos que terá, e outra é lhe fornecer soluções que atentem para as suas reais necessidades, sejam culturais, sejam técnicas. Em outras palavras: um software que “pense” com e pelo usuário.
Não se pode afirmar que a informação de que o software “tem” solução para SST seja falsa, até porque os seus divulgadores podem estar acreditando que isso seja verdade. O problema nos softwares para a área de SST é que os mesmos exigem mais do que conhecimentos técnicos de desenvolvimento no âmbito da informática; requer uma inteligência de processos que pessoas dessa área não possuem para poder entregar soluções compatíveis, já que não têm vínculo com a SST. O software requer muito mais do que simplesmente analisar os diversos eventos do eSocial que contem, em maior ou menor grau, aspectos de SST e a partir deles construir planilhas eletrônicas para serem preenchidas.
Por isso dificilmente se irá observar em softwares de atenção à SST agregados aos diversos ERPs existentes soluções consistentes para atender as demandas exigidas pelo eSocial. E dessas empresas é pouco provável que o suporte oferecido seja suficientemente técnico e pertinente às necessidades dos usuários das áreas de SST.
Nesse ponto, a volúpia mercadológica atenta contra os limites do aceitável e, se inexiste dolo em dizer que “tem” algo que poderá não ser real, ao menos podemos estar diante de afirmativas inconsequentes por parte de quem as formula, mas com graves repercussões para quem as ouve e acredita.
Com isso, como ficarão pessoas que ao acreditar no “ter” prometido por ocasião da venda, talvez se deparem com processos ineficazes que poderão impedir que ocorram fluxos de trabalho em ritmo acelerado, como exige o eSocial, ou em uma situação extrema, que dados de eventos não sejam informados? E pior: apostaram em uma solução e com pouco tempo para ter que providenciar todos os meios e fins para entregar dados ao Governo, terão que procurar outra, e recomeçar todo o processo de implantação de um software, com a complexidade da integração de dados e treinamento de usuários.
Os aspectos citados podem ser úteis para serem considerados no momento de escolha de um software que atenda a área de SST nas suas inter-relações com o eSocial.

Dr. Airton Kwitko: Kwitko@sigoweb.com.br

Blog de Airton Kwitko

eSocial faseamento SST para 2018!

Postado em 27 novembro 2017 às 11:09 0 Comentários

por Airton Kwitko

Sabemos que a implantação do eSocial faseou-se: parte será implantada no 1º semestre de 2018 e Eventos de SST (saúde e segurança no trabalho) ficaram para começar em janeiro de 2019.

Entretanto, existem alguns Eventos que mesmo não sendo considerados como de SST contém informações a serem enviadas em 2018 (março e maio) que são geradas por profissionais dessas…

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