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A área de finanças, que engloba auditoria, controladoria, tesouraria, contabilidade, planejamento financeiro e estratégico, área fiscal, relações com investidores e o setor bancário, também foi atingida pela crise que marcou a economia mundial no final de 2008 e ao longo de 2009. Embora o impacto sobre o Brasil tenha sido significativamente menor, o grande número de empregadores, nacionais ou multinacionais, que se viram obrigados a reduzir o quadro de funcionários fez com que a totalidade da área financeira experimentasse um revés nas contratações daquele ano. Nos primeiros seis meses de 2010, a crise ainda demonstrou reflexos, com impacto no número total de contratações.
A boa notícia é que a fase ruim ficou para trás. Com a retomada do mercado, apresentada principalmente no segundo semestre de 2010, as empresas passaram novamente a priorizar os investimentos futuros, o que elevou a necessidade de profissionais das áreas fiscal e financeira na elaboração de planejamento de estruturas e novas filiais. Esse processo, por sua vez, exige uma estruturação mais robusta de áreas estratégicas da companhia.
Devido ao ambiente econômico favorável, profissionais com experiência em fusões e aquisições se tornaram cobiçados, pois muitas empresas almejam a ampliação para além do crescimento orgânico esperado de suas atividades. Por essa razão, a retomada da economia explica ainda o aumento na procura por profissionais especializados em concessão de crédito e da área tributária, cada vez mais engajados na redução de custos por meio do planejamento tributário.
Nesse cenário, as empresas privilegiaram perfis de profissionais que possuíssem um bom entendimento do negócio e capacidade de prestar suporte às áreas de engenharia, manufatura, logística, marketing e vendas. Embora prevaleça a procura por perfis tradicionais, é possível constatar, em maior ou menor grau, a preferência pelos candidatos que adicionem valor à empresa por meio de uma visão estratégica, mesmo em áreas que não sejam responsáveis diretas pelos resultados.
Como efeito positivo da crise financeira mundial, podemos destacar a elevação generalizada do nível de exigências legais e regulatórias para a diminuição de riscos, fator que justifica o aumento da demanda por profissionais de compliance. Esse segmento passou a gerar demanda de novos perfis, tais como gerente de investigação de fraudes e gerente de gestão de riscos. Nessa tendência, podemos listar o alinhamento dos padrões contábeis brasileiros com o IFRS (Lei nº 11.638), que estimulou a busca de especialistas em contabilidade com domínio desse padrão. Em consequência, houve considerável queda na procura de profissionais que dominassem apenas as regras locais de contabilidade (BRGAAP).
Nesse contexto, São Paulo, a principal metrópole da América Latina e centro financeiro do continente, registrou uma demanda de profissionais com foco variado, que inclui desde contadores especializados nos requisitos específicos para companhias abertas (listadas na BM&F Bovespa, NYSE ou Nasdaq) até auditores internos seniores, controllers para operações de start-up, controllers de fábricas e analistas de custos. No Rio de Janeiro, por sua vez, notou-se maior demanda de controllers com experiência em contabilidade, seguida por profissionais de planejamento estratégico e fusões e aquisições, todas em função do forte aquecimento do setor de petróleo e gás.
Na área fiscal, o foco de expansão foi relativo às posições de planejamento tributário, international tax e tax compliance. Ao mesmo tempo, foi possível detectar que profissionais de finanças experientes e com sólidos conhecimentos de sistemas integrados de gestão começaram a ser mais requisitados, abrindo oportunidades para pessoas que unam a especialização em negócios com a parte técnica.
Os bancos demandaram mais especialistas em risco, especialmente risco de crédito, embora também tenham ocorrido contratações em modelagem de produtos e outras funções de back office. Destaca-se também a procura de profissionais de controles internos e contabilização de custos. Relações com investidores, área que não via abertura de novas vagas já fazia algum tempo, esboçou movimento no Rio de Janeiro e em São Paulo, embora não o suficiente para consolidar uma tendência claramente delineada de mercado.
Os profissionais que apresentam perfis técnicos com fluência em inglês e experiência em multinacionais, visão corporativa e flexibilidade se mostram escassos em todas as áreas de finanças. Entretanto, há considerável carência de especialistas, principalmente em contabilidade fiscal e de custos, risco de mercado e de crédito e supervisores fiscais com foco em impostos indiretos. Por trás desse panorama, podem ser identificados profissionais que ingressaram precocemente no mercado de trabalho e não puderam aprofundar seus estudos, o baixo número de formandos nessas áreas e a pouca mobilidade ocasionada pelos altos salários, inflados em função da elevada demanda do mercado.
A busca das empresas por talentos em todas as vertentes que compõem o segmento de finanças refletiu-se diretamente nos salários, cujo crescimento sobrepujou a inflação anual brasileira. Com o mercado aquecido, há um crescimento acima do normal no número de profissionais que trocam de emprego em busca de melhor remuneração, embora fatores como perspectiva de carreira e ambiente de trabalho também tenham peso relevante nesse processo de mudança.
Assim, nota-se maior agressividade por parte da empresa contratante na oferta de ferramentas de retenção, como bônus agressivos e stock options. Nesse contexto, o formato de remuneração variável é valorizado. Como em outras carreiras, é nas grandes metrópoles que se encontram os melhores pacotes de salários e benefícios, reflexo da maior competitividade e também de um custo de vida mais elevado.
A curto prazo, o mercado de trabalho de finanças continuará aquecido. A disputa por talentos com domínios técnicos específicos, porém orientados ao negócio, e com fluência em inglês se manterá em 2011. O pacote de remuneração deve continuar sua trajetória ascendente, especialmente em relação aos itens variáveis e de benefícios. A atualização dos padrões brasileiros de contabilidade deve manter a demanda de profissionais com tal qualificação. O Rio de Janeiro deve oferecer oportunidades igualmente promissoras, por causa do desenvolvimento do pré-sal e da realização dos eventos internacionais esperados para os próximos anos.
http://www.hays.com/jobs/salaryguide2011/br/fin_1.html
Os valores salariais apresentados representam a remuneração mensal fixa e bruta multiplicada por 13. Não foram considerados os eventuais prêmios, bônus ou remunerações variáveis anuais.
Íntegra da tabela em http://www.hays.com/jobs/salaryguide2011/br/fin_2.html
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