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Por Claiton Cavalcante
Desde a sanção do Decreto-Lei nº 9.295/46 pelo então Presidente Eurico Gaspar Dutra, lá se vão 68 anos da criação da profissão de contabilista – denominação utilizada para agregar o Contador e o Técnico em Contabilidade – no Brasil.
São mais de seis décadas da legislação de uma das profissões mais antigas que se tem notícia. Profissão que já teve e tem representantes do mais alto quilate, desde o Frei Luca Bartolomeo de Pacioli passando por Gaspar Lamego na época do Brasil Colonial, Antônio Lopes de Sá, Lino Martins da Silva, David Tweedie, Aecim Tocantins até chegar aos atuais Contadores tanto da iniciativa privada quanto os militantes da área pública; a estes teceremos comentários adicionais.
Hoje no Brasil conforme dados do Conselho Federal de Contabilidade – CFC são mais de 487 mil profissionais ativos, destes 299 mil são Contadores e 188 mil são Técnicos em Contabilidade. Os homens ainda são maioria com mais de 287 mil profissionais, seguidos de perto por mais de 200 mil mulheres. As organizações contábeis que são os escritórios e outros tipos de sociedades totalizam mais de 82 mil estabelecimentos, ou seja, são números expressivos de uma profissão que é uma das cinco profissões mais demandadas no mercado de trabalho.
Mas mesmo com toda essa história e importância, além é claro dos números citados no parágrafo anterior onde é demonstrada a grandeza da ciência contábil, mesmo assim ainda há os que não dão a devida magnitude a essa ciência. E neste grupo, os dos desavisados ou talvez desinformados, estão gestores públicos, gerentes, diretores e porque não mencionar também alguns profissionais da contabilidade, logo esses que tem como missão entre outras o dever legal de aplicar a contabilidade como ciência. Mas não. Alguns desses denominados profissionais se submetem a serem tão somente subservientes de chefes inescrupulosos e sem a mínima noção do que seja a contabilidade em sua essência.
São Contadores que ao invés de usar a ciência da profissão para a partir disso fornecer informações para tomada de decisões, para terem senso crítico a respeito dos atos e fatos registrados uma vez que a contabilidade ocupa destaque no cenário econômico, social e político do País, além de contribuir para a difusão da responsabilidade socioambiental em nosso planeta, ao invés disso estes profissionais em especial os da área pública, se sujeitam a simplória missão de debitar e creditar. Ora! debitar e creditar os softwares o fazem com maestria.
Não obstante muitos desses profissionais não produzem o que podem produzir porque ficam aprisionados às obrigações acessórias, pois essa é outra tarefa que não caberia a um profissional versátil estar executando, pois podem muito bem serem desempenhadas por um assistente ou auxiliar. Mas não é isso que se observa por ai, principalmente nos órgãos públicos municipais, onde o Contador ao invés de se valer do Decreto-Lei que lhe sustenta, prefere ficar escondido atrás de uma mesa apenas efetuando lançamentos, em muitos casos de forma automática, além disso, perdem o precioso tempo preenchendo uma infinidade de programas (software) de controle para os órgãos das diversas esferas de governo, e preenchem APLIC, SISTN, SIOPS, SIOPE, LRF-Cidadão e tantos outros que se fossemos enumerar teríamos que criar um glossário, tamanha a quantidade de siglas oriundas das diversas obrigações acessórias. Ah! são tantas que já ia me esquecendo da SEFIP, da RAIS, do COMPREV, do SISOBRAS... pode parar não aguento mais!!! E aí de quem perder o prazo de envio.
O CFC tem buscado de todas as maneiras mostrar à sociedade brasileira a importância da contabilidade para o desenvolvimento do País, prova disso é que elegeu o ano de 2013 como o ano da Contabilidade no Brasil, inclusive com campanha de divulgação nas principais emissoras de televisão do país. A contabilidade pública antes adormecida na lembrança do Conselho, hoje está mais viva do que nunca, face a sua importância para a tomada de decisões dos governos federal, estadual e municipal.
O próprio Conselho Regional de Contabilidade de Mato Grosso – CRC/MT em um passado não muito longínquo deixava a contabilidade pública em segundo plano especialmente no quesito fiscalização. Mas isso vem mudando desde a primeira gestão da presidente Silvia Mara Leite Cavalcante passando pelos demais presidentes até chegar aos dias atuais na qual o CRC/MT está novamente sob o comando da presidente Silvia, é visível a preocupação do Conselho diante da importância da contabilidade aplicada ao setor público. Prova disso são os encontros e fóruns sobre acontabilidade pública realizados anualmente, onde são debatidos temas de grande relevância para a área, inclusive com a participação de renomados palestrantes.
Portanto, a Contabilidade deve ser utilizada como Ciência e não simplesmente como uma rotina administrativa, mas para isso não devemos ser submissos, devemos sim, sermos membros efetivos de uma das profissões mais antigas do mundo. Devemos apresentar soluções e não somente alimentar obrigações acessórias. O Contador deve ser ator principal e não coadjuvante.
Fonte: Expresso MT
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