Assim como Tiradentes, os empresários se revoltam contra a alta carga tributária que está em torno de 37%. Na época do inconfidente, 20% do valor do ouro extraído do Brasil ia para os cofres da Coroa portuguesa.
Há cinco anos, o Impostômetro revelava quanto os brasileiros pagaram de impostos para os governos federal, estadual e municipal desde o início de 2005: R$ 219 bilhões. O painel eletrônico que mede em tempo real a receita de tributos - que ontem à noite marcava R$ 368 bilhões -, foi lançado em 20 de abril, um dia antes da data em que os brasileiros comemoram o aniversário de morte de Tiradentes, líder da Inconfidência Mineira.
Na época do movimento liderado por Tiradentes, no fim do século 18, o Brasil se submetia à voracidade do fisco português, que exigia o pagamento de 20% sobre o preço do ouro extraído, o conhecido quinto. A Inconfidência Mineira surgiu com a ameaça da cobrança dos impostos atrasados e o confisco de bens dos devedores.
Da mesma forma, o Impostômetro foi lançado em meio à revolta de empresários contra as ameaças de aumento de impostos, em uma época em que a carga tributária beirava (como até hoje) quase 37% do Produto Interno Bruto (PIB). Um movimento liderado por entidades empresariais, como a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), presidida por Guilherme Afif Domingues, acabava de derrubar no Congresso a MP nº 232, que ampliava a carga tributária de prestadores de serviços. Mas o governo ameaçava enviar um projeto de lei alternativo, estabelecendo a antecipação de impostos.
O lançamento do painel eletrônico, visitado até por turistas ocorreu no Páteo do Colégio, com a exposição de uma forca para simbolizar o sufoco dos contribuintes com o recolhimento de tributos e o prenúncio de aumentos. O Impostômetro simboliza a nova Inconfidência Mineira.
Desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) é a principal ferramenta da ACSP para mostrar à população o total de impostos que vão para os cofres públicos. Só conhecendo esse valor é possível avaliar se há a contrapartida correspondente do governo em forma de serviços públicos eficientes.
Diário do Comércio - Sílvia Pimentel
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