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Por Reginaldo Gonçalves
O Banco do Nordeste do Brasil, instituição financeira cujo Governo Federal participa com 94% do total de ações e 96,1% das ordinárias, foi vítima de fraude de aproximadamente R$ 100 milhões, vinculada ao seu chefe de gabinete e seus cunhados. Depois de matéria denunciando o problema, feita pela Revista Época, o servidor foi afastado. Essa situação já havia sido identificada pela auditoria interna do banco e, agora, passará pelo crivo da auditoria da Controladoria Geral da União, em virtude de a instituição ser estatal. A situação que deverá ser questionada é qual foi o caminho utilizado pela auditoria externa, que tem papel fundamental nas análises efetuadas e que, de acordo com os exames aplicados em procedimentos técnicos, pode identificar valores capazes de distorcer as demonstrações financeiras como um todo. Afinal, o montante da fraude representa 4,29% do patrimônio líquido registrado em 31 de dezembro de 2011. Não é pouco!
Em virtude do volume de negócios e dentro do grau de risco que uma auditoria externa assume, pode até acontecer de não haver identificação do volume de recursos que podem ter sido desviados. Resta saber, porém, se a auditoria externa recebeu os relatórios da interna identificando a falha nas operações de liberação de crédito para os parentes, identificando o Sr. Robério Gress do Vale como responsável pelas liberações e afastado das suas funções. Analisando o parecer de auditoria das demonstrações financeiras efetuadas nos últimos anos, a Deloitte Touche e Tohmatsu Auditores Independentes são responsáveis pelos pareceres de 16 de abril de 2007 a 31 de dezembro de 2011, sendo substituída pela Ernst & Young Terco Auditores Independentes S/S a partir de 1º de janeiro de 2012. Em resumo, os pareceres apresentados de 2008 a 2011 foram todos feitos sem ressalvas pela auditoria. Ou seja, nos procedimentos internos, efetuados através das análises documentais e de procedimentos, feitas de acordo com as normas de auditoria, não foram identificadas operações que desviam a finalidade ou distorcem as demonstrações financeiras geradas.
Os valores dos desvios já identificados não deveriam ser apontados pela auditoria externa efetuada, ou os relatórios relativos à auditoria interna não foram repassados? Restam questionamentos que deverão aparecer nos procedimentos de auditoria, que serão efetuados até para identificar o montante financeiro envolvido. Porém, já vimos novelas similares, envolvendo o Banco Panamericano, inflando os valores a receber, e o Banco Cruzeiro do Sul, atualmente sendo administrado pelo Fundo Garantidor de Crédito. Observa-se que as concessões, assim como os valores que fazem parte de suas carteiras, precisam ser mais bem gerenciadas, e as auditorias precisam dar um tratamento mais aprofundado, para que não haja dúvidas sobre a licitude das demonstrações financeiras publicadas e a confiabilidade nos órgãos de fiscalização. Considerando que a empresa possui ações negociadas em Bolsa, tais problemas podem prejudicar o acionista minoritário, que normalmente não tem as informações necessárias para tomada de decisões.
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