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O governo federal prepara um pacote que pode conter até 50 ações para destravar o ambiente de negócios e facilitar a retomada do crescimento econômico no país. As medidas incluem desde decretos a projetos de lei que devem mexer em regulamentações de setores – como imobiliário e de crédito –, passando por micro e pequenas empresas e produtores rurais.
Algumas dessas ações ainda estão em preparação, como a "hipoteca reversa", que funcionaria como uma espécie de aluguel – em que o proprietário não precisa deixar de viver no imóvel.
No entanto, outras já estão valendo, como a abertura dos negócios, que retira a necessidade de autorização prévia, como licenças e alvarás, para atividades econômicas de baixo risco.
Instrumento usado em países como os Estados Unidos, a hipoteca reversa é uma das medidas mais adiantadas. No sistema usual de hipoteca, o tomador do crédito recebe o recurso e quita o financiamento em parcelas. Quando há inadimplência, o bem dado em garantia, como um imóvel, pode passar para a instituição que deu o empréstimo.
Na situação reversa, uma pessoa dona de uma casa ou apartamento, por exemplo, oferece o patrimônio como garantia, e recebe um valor que pode ser único ou mensal. Paga ao vender o imóvel ou, após a morte da pessoa, o banco passa a ser dono do bem e pode revendê-lo. É um instrumento hoje usado principalmente por idosos. Diante do aumento da expectativa de vida, é possibilidade de ter renda extra, sem que tenha que se desfazer imediatamente do patrimônio.
A intenção é permitir que micro e pequenas empresas tenham a possibilidade de antecipar o recebimento de valores relativos a produtos e serviços vendidos para órgãos públicos. Os empresários poderiam usar um recebível e, recorrendo ao mercado financeiro, garantir o pagamento antes dos prazos usuais, quando o negócio é feito com o setor público. A ideia seria criar um mercado específico em que seria possível negociar estes papéis. Ou seja, um ambiente que funcionaria como uma espécie de bolsa para recebíveis desta natureza. A medida evitaria problemas de capital de giro aos pequenos empresários, que hoje podem ficar meses sem receber o que é devido de órgãos públicos.
O governo federal estuda o uso de instrumentos do mercado financeiro como alternativa à política de preços mínimos. Hoje, o governo pode comprar parte da produção para enxugar o mercado e segurar cotações, o que gera custos com manutenção de estoques, estrutura administrativa e armazéns.
A intenção é usar o chamado mercado de opções. São contratos em ambiente de bolsa em que é possível assegurar o direito de comprar ou vender determinado ativo por um valor fixado. Pela ideia estudada, o governo compraria essas opções e repassaria aos produtores. Na hipótese de determinado produto agrícola cair muito, seria possível vender esse título no mercado financeiro e, assim, se proteger da oscilação.
Fim da necessidade de autorização prévia, como licenças e alvarás, para atividades econômicas de baixo risco. Seriam iniciativas para o sustento próprio ou da família, que funcione em propriedade privada própria ou de terceiros (locada). Serviria para negócios como salões de beleza, sapateiros e costureiras. É necessário, porém, saber quais atividade se encaixam na definição de baixo risco. Na ausência de legislação municipal ou estadual para essa definição, será usada a norma federal. Não dispensa a necessidade de registros e cadastros tributários e previdenciários.
A intenção é de diminuir restrições para que empreendimentos possam operar em relação a dias e horários. Mesmo assim, ainda será preciso observar pontos como respeitar direitos trabalhistas, não atrapalhar o sossego público e a vizinhança ou causar poluição sonora e respeitar casos de direito privado, como os de condomínios. O espírito é retirar o excesso de restrições. Assim, os entraves à liberdade para operar e produzir em qualquer dia e horário deverão ser justificadas. Caso contrário, vale a regra de flexibilidade para melhor atender clientes e consumidores. Hipermercados e shoppings, por exemplo, podem abrir aos domingos, desde que a operação não cause danos ao sossego, ambiente ou vizinhança.
Medida pretende garantir a liberdade para fixar ou flutuação de preços, de acordo com a lei da oferta e demanda. Mas há exceções, como setores regulados ou controlados, situações de emergência ou calamidade pública, regras existentes de direito do consumidor e da concorrência.
De acordo com o governo, a ideia é evitar a chegada de novos modelos de negócios e produtos que beneficiem os consumidores. Por exemplo, evitar que uma inovação introduzida no mercado, com preços mais baixos em relação à concorrência, possam ser barradas por decisões judiciais que colidam com posicionamentos do Cade, que porventura não tenha encontrado violação ao direito de concorrência.
A ideia central é de que, o que for definido para um cidadão em relação a decisões administrativas, valerá para todos. Conforme o governo, a intenção é evitar situações como a de um fiscal que poderia interpretar de uma forma diferente para dois empreendedores em situações semelhantes. Assim, seria possível diminuir casos de discricionariedade, arbitrariedade e corrupção. Os órgãos deverão agir de maneira equânime, de acordo com situações passadas.
O princípio é de que as pessoas são honestas, até que se prove o contrário. Haverá a presunção de boa-fé no direito civil, empresarial, econômico e urbanístico. Medida busca mais certeza sobre interpretações a normas dúbia ou aberta (não clara) para atividades econômicas. Em casos de dúvida, a prioridade será a interpretação que mais respeita a autonomia do cidadão.
Na prática, tenta dar maior segurança jurídica e previsibilidade para que decisões judiciais não restrinjam o que foi pactuado em contrato, por exemplo. Até agora, sustenta o governo, dúvidas na interpretação da legislação acabavam usadas para restringir a liberdade do cidadão.
Intenção é remover barreiras ao desenvolvimento e teste de novos produto ou serviços, tarefa que hoje é repleta de burocracia e pedidos de liberações, o que dificulta a inovação e uso de novas tecnologias. Deve beneficiar especialmente startups. Em fases iniciais, esse tipo de empresa não necessitará de alvará de funcionamento e outras licenças para testar seus produtos. Mas há algumas restrições. A empresa deve ser privada e o que for testado ou desenvolvido não pode ser ligado a saúde, segurança pública e sanitária e segurança nacional. Não se enquadra também quem utilizar materiais restritos.
Segundo o governo, há necessidade de fixar prazo e de o órgão público ser eficiente para não gerar aprovação tácita para a liberação de licenças. Seria um instrumento, por exemplo, para evitar casos de corrupção para que se agilize andamento de processos. A ideia é de que, após o empresário fazer uma solicitação de aprovação de um estudo de impacto de vizinhança (EIV), se a área da administração não se manifestar no prazo, fica implícito que houve a liberação. Há exceções, como atividades consideradas de risco e em caso que necessita gasto financeiro por parte do órgão público responsável.
Motivação é deixar de exigir a necessidade de guardar papéis para estar seguro juridicamente, o que gera custos e impacto ambiental. Após a regulamentação da medida, será possível digitalizar documentos e descartar o original. Um caso que se aplica é o dos comprovantes tributários, que deveriam ser mantidos por 20 anos. Ter o material digitalizado será o suficiente. Será válido ainda para as áreas trabalhista, ambiental e previdenciária. Ainda será necessário aguardar a regulamentação dos padrões de qualidade e sua certificações.
https://gauchazh.clicrbs.com.br/economia/noticia/2019/05/o-que-esta...
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