Blog da BlueTax moderado por José Adriano
Blog da BlueTax
Termo bastante difundido pela linguagem financeira, o retorno sobre investimento (return on investment ou ROI) pode ser definido como a soma das receitas geradas, acrescida do somatório das economias decorrentes da implantação do mesmo, dividido pelo total das despesas necessárias à execução do projeto. Ou seja, ROI é igual a (Receitas + Economias) / Despesas x 100.
Entender sua sistemática é essencial para compreender todas as mudanças em curso no mundo empresarial, em especial a implantação dos projetos do SPED, sigla de Sistema Público de Escrituração Digital.
O SPED propriamente dito não existe, pois é apenas um Decreto Presidencial, assinado em 22 de janeiro de 2007. O que existe e impacta na vida de todas as empresas brasileiras são os projetos do SPED, ou seja, a Nota Fiscal eletrônica (NF-e), a Escrituração Contábil Digital (ECD), a Escrituração Fiscal Digital (EFD), entre outros.
Fato é que o SPED nasceu antes de sua “certidão de nascimento”, o Decreto 6.022. Em 15 de dezembro de 2006, a EFD do ICMS e do IPI foi instituída pelo Convênio ICMS nº 143. Em 14 de setrembro de 2006, a primeira NF-e foi emitida e autorizada pela Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul, com validade jurídica.
Sim, a norma que instituiu a NF-e foi o Ajuste SINIEF 07, de 30 de setembro de 2005. De 2005 até hoje, vem ocorrendo um lento e gradual despertar para a maior transformação na forma de gerir empresas da história de nosso país. Isso porque o SPED impõe um nível alto de conformidade fiscal e, consequentemente, o uso de ferramentas de governança a todas as empresas brasileiras.
Para melhor entender o ROI das empresas, é necessário compreender os objetivos essenciais do SPED: promover a integração dos Fiscos, tornar mais célere a identificação de ilícitos tributários e racionalizar e uniformizar as obrigações acessórias para os contribuintes.
Obviamente, os dois primeiros geram impactos para a eficiência fiscal e para a conformidade legal das empresas, e, consequentemente, de toda a sociedade.
Entretanto, apenas o segundo objetivo tem ação direta sobre o ROI de um projeto de adequação ao SPED. Quando as milhares de obrigações acessórias forem racionalizadas e uniformizadas, as economias decorrentes do projeto serão maiores do que as despesas. Assim, o ROI resultante será maior que zero.
Então, podemos concluir que os projetos de adequação ao SPED têm ROI igual a zero, uma vez que ele não gera acréscimo de receitas nem redução de despesas? A resposta é não!
Vamos dividir o raciocínio em dois escopos: documentos fiscais eletrônicos (NF-e e outros) e escrituração digital (ECD, EFD etc.).
A implantação bem feita da NF-e em uma empresa pode gerar significativas reduções de custos, por exemplo: centralizando o faturamento de filiais e empresas de um mesmo grupo; reduzindo o trabalho operacional de digitação e escrituração de documentos; aumentando a integração intra e inter empresas; e reduzindo o custo de armazenagem e recuperação de documento em papel.
Ou seja, para projetos de NF-e, há uma percepção clara de que é possível obter um ROI significativo. Fácil? Não. Depende de esforço, conhecimento, disciplina, organização e, sobretudo, do espírito empreendedor por parte dos líderes do projeto.
Quanto às escriturações, a questão torna-se menos evidente aos olhos de quem vive no passado. Para compreender quais são as economias decorrentes da adequação à ECD ou EFD, é preciso realizar a análise de risco fiscal com a percepção da inteligência fiscal de cinco anos no futuro.
Vejamos: para realizar uma análise de risco mínima, é preciso compreender a probabilidade de ocorrência de uma vulnerabilidade e o tamanho do impacto, caso esta vulnerabilidade torne um fato real.
Todas as empresas brasileiras já convivem com riscos e vulnerabilidades fiscais. Só que, a cada dia, há mais probabilidade de ocorrência de impactos maiores. Explico: a partir de cruzamento de dados, as autoridades detectam, com uma eficiência crescente, indícios de não conformidade fiscal.
Alguns casos reais já detectados pelas autoridades são: venda de mercadorias no mercado interno com documento fiscal destinado à exportação; venda para pessoas físicas camuflando operações entre empresas; venda de mercadorias com preços irrisórios ou muito baixos; utilização de códigos, alíquotas, cálculos tributários, errados; recepção de documentos fiscais inadequados ou incorretos de fornecedores; e enquadramento indevido em regimes tributários mais vantajosos.
Enfim, a probabilidade de ocorrência destes riscos é cada vez maior. Portanto, os seus impactos devem ser medidos. E, uma vez eliminados através de um bom projeto de adequação ao SPED, os valores destes impactos mitigados devem compor a equação de ROI.
O ponto mais importante ao analisar riscos fiscais é pensar na tecnologia e na metodologia que as autoridades utilizarão em 2016. Afinal, elas poderão ser aplicadas a documentos e escriturações eletrônicas de hoje.
Feito isto, creio que será fácil demonstrar um ROI significativo em todos os projetos. A menos que sua empresa e o ecossistema ao qual ela está inserida (incluindo os fornecedores e clientes) já sejam um modelo de perfeição no quesito conformidade fiscal.
http://www.robertodiasduarte.com.br/qual-e-o-retorno-do-sped/
© 2025 Criado por José Adriano. Ativado por
Você precisa ser um membro de Blog da BlueTax moderado por José Adriano para adicionar comentários!
Entrar em Blog da BlueTax moderado por José Adriano